terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O vôo do Condor

Infelizmente, tudo que é bom acaba logo. Como disse Albert Eisntein, famoso físico, ao explicar para leigos o sentido da teoria da relatividade: "O que é a teoria da relatividade? Imagine como o tempo voa quando você está ao lado da garota que ama. Depois, uma outra situação, em que você está fazendo uma atividade que não lhe agrada e o tempo não passa nunca". Pois é, aplicamos essa teoria não somente aos complexos equipamentos e aparatos do nosso dia a dia, como o GPS que usamos no carro, satélites que orbitam a Terra, e tantos outros. Mas também aos momentos mágicos e singulares que vivenciamos.
Intitulei essa postagem de O Võo do Condor porque, como foi citado por mim no início das postagens, tive desde que nasci uma estreita relação com  a aviação e essas fotos que tirei, juntamente com algumas filmagens que fiz, são realmente de tirar o fôlego. Nosso vôo saía as oito da manhã e, se tratando de uma viagem internacional, saímos por volta das seis horas da manhã do hotel. Tudo para evitar percalços até o aeroporto e, principalmente, dissabores no embarque. Ainda no dia anterior recebo uma mensagem do meu pai por e-mail me avisando:  Ao fazer o check in peça para ficar do lado esquerdo da aeronave. Senão você nao conseguirá ver a Cordilheira dos Andes. Uma dica valiosa...
Em razão dos fortes ventos que cruzam a cordilheira, mesmo em condições meteorológicas ideais, é necessário após a decolagem, atingir uma altitude mínima em torno de 25.000 pés (aproximadamente 7.600 metros) antes de iniciar uma curva para esquerda (leste) em direção aos Andes. Para quem não é muito bom em localização espacial imagine o continente sul americano e a rosa dos ventos com o norte, sul, leste e oeste. Depois, entre nesse mapa (mentalmente é claro!!) e visualize a cordilheira que estará a sua direita quando você entrar. Depois dê uma volta de 180 graus  (sul) como se estivesse olhando para o rodapé da figura e a cordilheira estará ao lado do seu ombro esquerdo. É nessa proa ou rumo que decolamos.
A aeronave era a mesma da partida em Porto Alegre no dia 06/02. Nossa, dia 06 de fevereiro! Dez dias se passaram?? Olha aí a teoria da relatividade em ação! É cientificamente comprovado que algumas pessoas, em razão da maior ou menor atividade de determinadas áreas do córtex cerebral, tem uma enorme dificuldade de localização no espaço e visualização 3D. Como exemplo clássico e, por motivos de evolução da nossa espécie, podemos citar as mulheres, que em outras atividades nos dão de 10X0 (como identificar um fio de cabelo na sua camisa a 100 metros de distância por exemplo). A imagem da América do Sul acima pode dar uma força nesse exercício. Quanto a localizaçao da Cordilheira dos Andes, quem não fugiu das aulas de geografia da escola certamente saberá.
Voltamos a decolagem, ou melhor, ao võo do Condor. Esse pássaro foi e é venerado por todos os povos que povoaram os altiplanos andinos desde a época pré colombiana. Com suas grandes asas, um vôo caractérístico, macio, cadenciado e marcante, com  a ponta das asas elevadas como se fosse uma mão com os cinco dedos, sempre encantou os nativos. Por isso, muitas lendas, pinturas rupestres, geogrífos e artefatos indicam uma especial predileção e devoção por esse animal desde os tempos mais remotos.

 Retornemos ao vôo. Saímos cedo do hotel, uma lua cheia, enorme, com um céu livre de nuvens, dava sinais de que o tempo estaria perfeito para fotografar o momento do sobrevôo da cordilheira. Certifiquei-me de que estava devidamente embarcado no lado esquerdo e o nível de ansiedade começou a elevar-se. Acho que para qualquer pessoa amante da natureza e das belezas naturais, ter a oportunidade de sobrevoar uma cadeia montanhosa desse porte, é uma experiência inesquecível. Agora imagine para um geólogo/geofísico, amante das ciências da Terra, conhecedor dos processos colossais que lentamente, e inexoravelmente criam, aniquilam as paisagens e também a vida...sem comentários!
É  magnífico quando avistamos algumas feições de grande altitude! Geologando um pouco, algumas feições típicas originadas de processos como avalanches, erosões dos rios, transbordamento em épocas de grande degelo são destacadas de forma quase didática a grandes distâncias. Uma coisa de livro mesmo. Digo isto porque quando nos encontramos em trabalhos de campo, sol na cabeça e muito morro para subir, é difícil de se reconhecer tais feições indicadoras. Somente através da observação do solo, tipos de rochas, podemos determinar que em certo local existe uma acumulação dessa. Para quem não sabe, toda essa preleção que parece coisa de cientista maluco, é fundamental na descoberta e identificação de depósitos minerais, reservatórios de água, petróleo, gás e de toda matéria prima essencial ao que desfrutamos nesse mundo moderno. Desde medicamentos, instrumentos cirúrgicos até o microprocessador de silício que permite meu notebook operar com extrema eficiência neste momento. 
Voltando a vista espetacular a grande distância desses elementos, eu gosto de usar essa breve explanação para as agruras, tristezas, angústias e certas atitudes da nossa vida. Quando um problema parece ser insolucionável, procuremos tirá-lo da proximidade do nosso nariz e fazer um sobrevôo. Somente o distanciamento nos trará uma visão global do "abacaxi" trazendo, depois de muita calma, a tão esperada solução e saída. Uma relação geológica/filosófica. Ciências da Terra também está intimamente ligada ao nosso ser e nossas questões existenciais. Para concluir essa enorme decolada que eu dei agora. A ciência que conhecemos hoje, de forma segmentada e classificada em áreas e especialidades afins surgiu somente em meados do século XIV e XVII com o renascimento e juntamente com o entendimento de que processos extremamente organizados e precisos formavam tudo que conhecemos. Ou seja, se esses processos fossem desvendados, seria encontrada a chave para desvendar todos os mistérios do universo. Infelizmente não é bem assim. Até hoje, parafraseando Albert Einstein, "tudo que sabemos é uma gota em um oceano de mistérios". Mas em grande parte da história, desde a Grécia antiga, filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, sentados com seus discípulos nos jardins, embasavam suas idéias e concepções observando o mundo natural que os circundava, como as montanhas, fósseis, rochas e minerais. 
Portanto, uma geologada/filosofada não é nada de absurdo. Justamente o contrário. É saudável, impossível de ser evitada e completamente justificada nesse momento.

Fiz duas filmagens, uma logo na decolagem de santiago do Chile onde é possível se observar as primeiras formações montanhosas que antecedem a Cordilheira propriamente dita. A segunda filmagem, registra exatamente o momento, após atingir a altitude de segurança, que a aeronave muda sua trajetória para leste (olha o exercício do mapa!). Infelizmente as filmagens ficarão para outra postagem. Seguimos com as fotos. Acho que elas falam por sí próprias.




Aconcágua!




Olha os processos de erosão e sedimentação!


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Valparaíso

No lado oposto de Viña del Mar, na mesma baía, localiza-se Valparaíso. Ao chegar na cidade logo imaginei as naus chegando e saindo da Europa na época do desbravamento do continente. Bodegas e ruas  lotadas de marinheiros de diferentes nacionalidades e o comércio intenso e próspero que devia haver ali. Agora observamos alguns navios mercantes aportando com uma grande circulação de turistas, mas certamente nada que se compare ao que foi esse local outrora.
A inauguração do canal do Panamá no ano de 1913 foi certamente o golpe de misericórdia para aniquilar com a economia dessa localidade. Até então, todas as navegações precisavam ir até os longínquos limites da América do Sul e contornarem o cabo Horn, para finalmente chegarem ao Oceano Pacífico. Até a abertura do Canal do Panamá o litoral chileno era passagem obrigatória da rota dos navios que viajavam ao redor do globo indo para a costa oeste dos Estados Unidos, China, Índia e Ásia.
Ao adentrarmos as vielas estreitas de Valparaiso tive a percepção de estar em um local com pitadas de São Luis do Maranhão, Pelourinho e Ouro Preto. Tudo misturado num caldeirão! As ruas íngremes com calçadas estreitas e construções de telhados e paredes multicoloridas compõe o cenário. Fiquei na mesma hora pensando na audácia e tenacidade dos primeiros colonizadores que ali chegaram e construíram uma cidade naquele local.
Tive a oportunidade de conhecer a casa do famoso poeta chileno e ganhador do prêmio Nobel de literatura em 1971 Pablo Nerruda. Essa casa em Valparaíso é uma das três que ele possui e é mantida por uma fundação. Infelizmente não era permitido fotografias no interior.
O tempo nublado não colaborou para os fotografias. Uma pena. Por isso que eu falo que as melhores fotografias são sempre armazenadas em nossa mente.








A casa de Pablo Nerruda. É muito interessante que a casa, assim como muitos objetos no interior, lembra um navio. O poeta era apaixonado por assuntos relacionados ao mar. Se auto intitulava de um "marinheiro de terra firme".

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Litoral do Chile..

O Oceano Pacífico finalmente surge! Aquela brisa úmida, cheiro de maresia. Avistar um oceano que não seja o Atlântico é, na minha opinião, sempre uma experiência extasiante. Nos dá aquela sensação de que estamos do outro lado do mundo, muito longe de casa. Lembrei quando vi pela primeira vez o Oceano Índico e meus pensamentos por alguns minutos me remeteram ao tempo dos navegadores que saíam rumo ao desconhecido e que passaram os limites do conhecido. E isso com a crença na época de que a Terra era plana e a sensação de que a qualquer momento cairíam no espaço vazio do universo!
Chegamos a Viña del Mar em uma manhã chuvosa e fria, pouco adequada a boas fotos. Nos bairros residenciais há belas casas rodeadas de jardins construídos nas primeiras décadas do século XX e inspirados em variados estilos arquitetônicos com altas torres para apreciar as mais belas vistas da cidade. Alguns castelos de famílias nobres que prosperaram na região e de outras que vieram da europa contrastam com condomínios ao longo das encostas íngremes e baías bem recortadas, característica desse tipo de litoral compondo um cenário semelhante ao Principado de Mônaco, na costa do Mediterrâneo (quem curte Fórmula 1 deve lembrar).
Marcas de destruição pelos terremotos recentes em alguns prédios antigos (e novos também) levaram meus pensamentos às zonas de subducção, bordas de placa tectônicas, energia acumulada pelas tensões e....o rompimento a qualquer momento!! Somente desejava estar em terra firme nessa hora ou pelo menos no lobby do hotel!
Estávamos próximo ao horário do almoço e eu pensava: hummm preciso conhecer e apreciar um bom peixe. Restaurante na beira no mar (beeem na beira mesmo) e um cardápio variado de frutos do mar e peixes. Eu, como sempre, louco para saborear as iguarias locais naquele meu estilo "Kamikaze". Digo isso porque tenho o hábito de pegar os pratos mais diferentes, sinistros e bizarros nas minhas andanças e depois....
Para não estragar a viagem com nenhum contratempo de ordem fisiológica, estomacal e hospitalar, certifiquei-me de que os frutos do mar vinham devidamente cozidos! Se bem que já vi muita gente quase virar o "homem fluído" comendo essas coisas bem cozidas. 

Uma observação para quem não curtiu os anos 80; O homem fluido era um dos super heróis da série produzida pelos estudios de Hanna Barbera,  Os Impossíveis (The Impossibles). Esse tema é tentador para mim, mas vou resistir e ficar por aqui com a descrição desse desenho.
Depois dos frutos do mar de entrada, um belo peixe bem fresquinho, tenro hummm... E seguimos a viagem para o cidade de Valparaíso.


Relógio de flores na entrada da cidade. Foi trazido da Suíça e inaugurado no mesmo dia da abertura da Copa do Mundo de Futebol de 1962 que foi no Chile.

Cassino Municipal de Viña del Mar. Em estilo neoclássico, é o cassino mais antigo do país e foi inaugurado no ano de 1931.

 Moai que foi trazido da Ilha de Páscoa

Nativas da Ilha de Páscoa (ou imitação só pra gringos rs).


Condomínios em degraus no estilo mediterrâneo.

Alguns leões marinhos tentando subir as rochas (sem o zoom da minha máquima profissional, infelizmente).

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

...e ao lado da Cordilheira dos Andes, Santiago do Chile!

Chegamos a cidade de Santiago do Chile em torno das 20:30 hrs. Bem mais tarde do que o previsto (17:00 hrs). Quase anoitecendo, um final de semana ensolarado, alta temporada e....rodoviária entupida!! Me  sentia chegando no Terminal Rodoviário do Tietê em São Paulo depois daqueles feriados prolongados. Um formigueiro de pessoas indo e vindo, empurrando e se trombando.
A retirada das malas do ônibus foi uma malhação total. Todos apinhados na frente do maleiro, gritando e agarrando as malas como se fossem a última coisa da vida! E eu super antenado com as minhas porque as identificações que nos deram no embarque era somente um ritual para "inglês ver" porque na hora H cada um pegava a que conseguia.
E na novela do "taxi à noite em uma cidade estranha" (stranger in a strage land by Iron Maiden) muda somente os personagens! Taxista estranho, com um papo de "caminho alternativo" e eu sem o mapa da cidade no meu celular multi utilidades!! O batman tinha o cinto de utilidades e eu tenho o celular. Só que dessa vez faiô como dizem no interior de SP.
No dia seguinte nos mandamos para o volta clássica na cidade. Pontos túristicos, prédios do governo, detalhes pitorescos da história, parque principal e calçadão do comércio (as fotos virão logo abaixo). No Palácio de La Moneda fiz logo amizade com um cidadão muito simpático e, carismático. Um cachorro do tipo SRD (sem raça definida). Estava por ali, no meio de tantos outros, mas esse ai era muito diferente.
Lembrei de um filme daqueles "sessão da tarde" de um cara que havia morrido, retornado como um cachorro e reencontrado sua antiga família. Não quero dizer que o Rex (vou chamá-lo assim) tenha tido algo de especial comigo, pelo contrário, acho que ele está condicionado a ficar junto aos turistas porque devem sempre alimentá-lo com algumas guloseimas.
Rex ficou durante TODO o tempo ao nosso lado. Mesmo ao caminharmos no calçadão no meio da multidão ele estava ali. Por um momento, quando chegamos ao antigo prédio do correio, eu procurei, dei umas olhadas e não o vi mais. Mas, ao olhar mais a frente, lá estava ele! Um guia turístico zeloso, só que não falava.
Hoje estou cansado, falta inspiração e não vou entrar na mesmice de ficar descrevendo lugares e prédios históricos. Vou postar as fotos mais interessantes apenas...

Rex aguardando tirarmos fotos:


Casa de La Moneda

Calçadão

Vista de cidade do Cerro San Cristóbal


Catedral de Santiago - Chile

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

E a travessia começou...


Acordei ansioso para esse momento! Conheço algumas cadeias de montanhas pelo mundo afora como os Pirineus, Alpes Suíços, Austríacos, etc. Mas a Cordilheira dos Andes, por ironia do destino, ainda não havia feito sua apresentação a minha pessoa (ou melhor, eu que ainda não havia ido ao seu encontro). Chega a ser um contrasenso por eu ser geólogo e brasileiro mas como diz a popular frase: Casa de ferreiro, espeto de pau!
Dia ensolarado, céu azul, luminosidade perfeita para fotos com minha supercâmera e um trajeto maravilhoso a ser percorrido. Saímos as 10:30hrs da rodoviária de Mendoza e, logo depois de alguns poucos quilômetros, pude observar o primeiro cordão montanhoso a oeste da cidade e que antecede a pré-cordilheira. Logo entramos em ascensão pela AR 7 seguindo-se uma discreta, porém contínua, alteração na topografia e também na vegetação conforme íamos adentrando a pré-cordilheira. Ao fundo, descortinava-se as imponentes montanhas da Cordilheira dos Andes.
Como é alta temporada havia muitos veículos, motocicletas, bicicletas e pessoas fazendo trekking às margens da rodovia. Logo que vi dois ciclistas me veio a indagação: Puts, porque não planejei essa viagem de bike ou de moto???
Aquele velho hábito que temos de querer sempre mais e não se contentar com o momento presente. Mas, insisto na minha ingratidão deste momento e confesso que estou até agora pensando nisso. Fica para a próxima (quem sabe de Harley Davidson). Alguns poucos quilômetros antes de chegar a fronteira, avistei o Aconcágua e tambem a vila de mesmo nome com vários Hostels a disposição dos montanhistas. Ai, veio de novo aquela insatisfação e o desejo de um repeteco mais trashmetal, com mochilão nas costas, comendo muita poeira, bolhas nos pés e condicionamento físico pleno (preciso fazer isso de novo!).

Chegamos na aduana aproximadamente às 15:30 hrs e, como havia citado, é alta temporada e o setor de checagem, vistos, revista de malas, estiva full power. Ficamos em torno de quatro horas esperando até que todo o processo fosse concluído! Nas minhas malas pessoais, tudo em ordem. Mas sempre carrego uma vazia para as quinquilharias e, obviamente, deu uma canseira na fiscalização! Carregava alguns minerais (pedrinhas bonitinhas rs) que comprei em Mendoza dentro de uma latinha (também bonitinha rs) e ceeeeerto que no raio X ia ter problema.
Estava roxo de fome...e sono!! Mas não cedi aos chamados do deus grego dos sonhos Morpheu. Não podia perder nem um milímetro dessa paisagem! Após a fronteira entre Chile e Argentina inicia-se a descida com uma estrada altamente sinuosa e, na minha opinião, o melhor trajeto de toda a rota.


É incrível e também desafiador para qualquer mente, por mais conhecedora das geociências que seja, visualizar essa mega massa rochosa com todas suas estruturas e ficar pensando nas forças colossais e nos movimentos das placas, a aglutinação de toda essa cadeia de rochas e do continente sul americano.
É como se amassássemos um edredon e depois visualizássemos aquele monte de dobras e rugas. Exemplo até simples para nós humanos que vivemos no máximo uma centena de anos (alguns poucos privilegiados ainda). Mas é muito difícil imaginar a escala de tempo em que tudo isso foi criado. Daí o pensamento nos remete a ínfima existência da espécie homo Sapiens dentro desse organismo denominado Terra. Isso sem falar no universo!
Um sentimento de gratidão, devoção e, principalmente humildade, aflora em um local como esse. Mesmo conhecendo e acostumado com os processos geológicos, com a formação de continentes e com uma escala de tempo de milhões, bilhões de anos, não deixo de ser um humano, mortal e, consequentemente também vivo, analiso as coisas e penso em uma escala de tempo que estamos acostumados. Certamente estou versando sobre um modelo de criação evolucionista e não criacionista (esta é outra história).
Questões filosóficas e existenciais a parte, voltamos ao mundo real. Há algumas décadas um engenheiro aeroespacial norte-americano chamado Edward Murphy tornou-se famoso com a frase "se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará". Pois é, esqueci de trazer o adaptador de tomada para carregar a bateria da minha câmera profissional (que tem as melhores fotos) na tomada padrão aqui do Chile. Óbviamente que a carga acabou no meio da viagem! Mas consegui tirar ao menos umas fotos do Aconcágua.

 Fica para a próxima postagem essas fotos (preciso achar um camelódromo kk). Como fui precavido, tinha em mãos meu telefone celular multi uso que tira umas fotos boas também.





sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mendoza: Tierra del sol y del buen vino!

Para apreciadores do bom vinho e, até mesmo para quem não conhece ou não gosta muito, a degustação nas Bodegas de Mendoza pode ser uma agradável forma de conhecermos de perto o motor que propulsiona a economia dessa região, o vinho! Uma ótima oportunidade para conhecer-se a história, a chegada dos primeiros colonizadores, a forma de preparo, envelhecimento, os tipos de uva, etc.
Como o vinho é uma bebida tão antiga que se confunde com o início da civilização, a visitação nas caves subterrâneas é praticamente uma volta no tempo. Enquanto o guia falava eu ficava pensando na forma de plantio, os tipos de uvas, os barris para o acondicionamento, tempo de envelhecimento e a arte de degustar... São técnicas desenvolvidas com o passar dos séculos, desde a mais tenra idade dos hominídeos.
Fica impossível deixar de imaginar o cenário: Os primeiros seres humanos, ainda caçadores e coletores que esqueceram de beber um resto de suco de uva esquecido em algum recipiente. A temperatura estava adequada, o suco bem concentrado. Bom, provavelmente o vinagre foi descoberto depois, quando alguém quis viajar degustando ao mesmo tempo e, com o chacoalhar no lombo dos animais, azedou!

Obs.: Essa teoria do vinagre eu inventei agora. Não pesquisei referência nenhuma.


"Dijo el sabio Salomón que un buen vino agrada el corazón!!"


Depois encerramos a tarde conhecendo uma fazenda com oliveiras e que também fabrica o azeite de oliva. Mendoza não é a maior região produtora de azeite de oliva na Argentina, mas possui uma significativa porção do mercado. A maioria é exportada.
O melhor parte, obviamente, foi a degustação de alguns canapés com o azeite



Curiosidades: A azeitona colhida no pé (foto acima) é impossível de ser comida!! É horrível! Aquela que conhecemos no vidro e que comemos nas pizzas ficam por um bom tempo curtindo em uma salmoura. A que chegou a maturação completa é a preta.

A cidade começou a ser construida no ano de 1561 e, em 1861, Mendoza foi completamente destruida por um terremoto de magnitude 7.1 na escala Richter. Após esse evento sísmico, a cidade foi novamente reconstruída e então,  elaborado um novo plano arquitetônico na área denominada hoje de cidade nova.
Esta região foi planejada para ser totalmente arborizada a fim de que o clima mantenha-se agradável devido a grande quantidade de sombra nas avenidas e calçadas. Uma necessidade nessa região típica de clima desértico. A cidade possui uma praça principal denominada de Plaza Independencia e, nos quatro vértices foram construidas quatro praças; Plaza San Martin, Plaza Chile, Plaza Itália e Plaza España.





Plaza España: Os painés de azulejos pintados é uma das principais atrações deste local.




Geocuriosidades: A escala de Richter, que tanto se fala na televisão e muitas pessoas não fazem a minima idéia do que é, consiste num escala logarítmica que foi desenvolvida em 1935 pelos sismólogos Charles Francis Richter e Beno Gutenberg da CALTECH (California Institut of Technology).  É um sistema para calcular as magnitudes das ondas mecânicas (denominadas de P e S) originadas em zonas de alta sismicidade.

A título de curiosidade:  na sua origem, a escala Richter estava graduada de 0 a 9, já que terremotos mais fortes pareciam impossíveis na Califórnia. Mas teoricamente não existe limite superior ou inferior para a escala, se consideradas outras regiões do mundo. Portanto, um terremoto da magnitude citada no inicio desse blog (7.1) pode causar sérios danos em uma superfície com grandes concentrações populacionais.
A região dos Andes, assim como suas regiões adjacentes, encontra-se próxima a zonas limítrofes de placas tectônicas (Placa Sul Americana e Placa de Nazca). Para quem não sabe, a Terra, em constante criação, transformação e destruição, faz com que o movimento convergente destas placas acumule uma tensão enorme que, ao chegar ao seu limite, é totalmente liberada. Dai, a catástrofe!
Bom, qualquer dúvida ou geocuriosidade a mais, estamos a disposição no 0800. Infelizmente não tem teleatendimento 24 hrs da geofísica mas estou a disposição (8 hrs por dia e quando terminar minhas férias obviamente!).




Retornando ao turismo: Hoje conheci o centro histórico da cidade e dei umas boas "voltas por ai". Muitas fotos ainda por vir... Embarcamos de ônibus para Santiago do Chile amanhã as 10:30h e faremos a travessia pela Cordilheira.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mendoza

Chegamos em Mendoza por volta das 12:45h. Tempo bom, temperatura agradável e a primeira vista, a cidade me pareceu bem acolhedora, com um ar europeu, ruas arborizadas, limpas e  muitas praças! Até fazer o check inn no hotel e arrumar (ou melhor desarrumar) as malas, saímos as ruas já pela tarde  e a fome estava no auge.
Fiquei impressionado com a quantidade de restaurantes nessas redondezas e com a diversidade de pratos para todos os gostos. Como eu como não sou adepto de carne diariamente, comi um salmão com molho de vinho e queijo acompanhado por uma cerveza Andes. Muito bom... Ficar sentado ao ar livre e apreciar as frondosas árvores de plátanos, as calçadas largas, o vai e vém das pessoas e a arquitetura harmoniosa da cidade, sem dúvida, é uma experiência sensorial muito interessante.




No dia seguinte, ao acordar, essa vista dos Andes (a pré - cordilhera na verdade). Isto faz com que qualquer vontade de dar mais um cochilo seja tomada pelo desejo de colocar os tênis e cair na estrada.

Geocuriosidades: A pré-cordilheira é uma denominação geomorfológica e também geológica das montanhas mais baixas que antecedem a Cordilheira dos Andes. Vou resistir a tentação e não vou me empolgar muito nesse assunto redigindo uma descrição completa das rochas, estruturas e formação dessa cadeia em razão do encontro das placas de..........blá blá blá rsrs. Quem quiser saber mais me procure ou acesse a internet. Não faltarão referências.