segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

E a travessia começou...


Acordei ansioso para esse momento! Conheço algumas cadeias de montanhas pelo mundo afora como os Pirineus, Alpes Suíços, Austríacos, etc. Mas a Cordilheira dos Andes, por ironia do destino, ainda não havia feito sua apresentação a minha pessoa (ou melhor, eu que ainda não havia ido ao seu encontro). Chega a ser um contrasenso por eu ser geólogo e brasileiro mas como diz a popular frase: Casa de ferreiro, espeto de pau!
Dia ensolarado, céu azul, luminosidade perfeita para fotos com minha supercâmera e um trajeto maravilhoso a ser percorrido. Saímos as 10:30hrs da rodoviária de Mendoza e, logo depois de alguns poucos quilômetros, pude observar o primeiro cordão montanhoso a oeste da cidade e que antecede a pré-cordilheira. Logo entramos em ascensão pela AR 7 seguindo-se uma discreta, porém contínua, alteração na topografia e também na vegetação conforme íamos adentrando a pré-cordilheira. Ao fundo, descortinava-se as imponentes montanhas da Cordilheira dos Andes.
Como é alta temporada havia muitos veículos, motocicletas, bicicletas e pessoas fazendo trekking às margens da rodovia. Logo que vi dois ciclistas me veio a indagação: Puts, porque não planejei essa viagem de bike ou de moto???
Aquele velho hábito que temos de querer sempre mais e não se contentar com o momento presente. Mas, insisto na minha ingratidão deste momento e confesso que estou até agora pensando nisso. Fica para a próxima (quem sabe de Harley Davidson). Alguns poucos quilômetros antes de chegar a fronteira, avistei o Aconcágua e tambem a vila de mesmo nome com vários Hostels a disposição dos montanhistas. Ai, veio de novo aquela insatisfação e o desejo de um repeteco mais trashmetal, com mochilão nas costas, comendo muita poeira, bolhas nos pés e condicionamento físico pleno (preciso fazer isso de novo!).

Chegamos na aduana aproximadamente às 15:30 hrs e, como havia citado, é alta temporada e o setor de checagem, vistos, revista de malas, estiva full power. Ficamos em torno de quatro horas esperando até que todo o processo fosse concluído! Nas minhas malas pessoais, tudo em ordem. Mas sempre carrego uma vazia para as quinquilharias e, obviamente, deu uma canseira na fiscalização! Carregava alguns minerais (pedrinhas bonitinhas rs) que comprei em Mendoza dentro de uma latinha (também bonitinha rs) e ceeeeerto que no raio X ia ter problema.
Estava roxo de fome...e sono!! Mas não cedi aos chamados do deus grego dos sonhos Morpheu. Não podia perder nem um milímetro dessa paisagem! Após a fronteira entre Chile e Argentina inicia-se a descida com uma estrada altamente sinuosa e, na minha opinião, o melhor trajeto de toda a rota.


É incrível e também desafiador para qualquer mente, por mais conhecedora das geociências que seja, visualizar essa mega massa rochosa com todas suas estruturas e ficar pensando nas forças colossais e nos movimentos das placas, a aglutinação de toda essa cadeia de rochas e do continente sul americano.
É como se amassássemos um edredon e depois visualizássemos aquele monte de dobras e rugas. Exemplo até simples para nós humanos que vivemos no máximo uma centena de anos (alguns poucos privilegiados ainda). Mas é muito difícil imaginar a escala de tempo em que tudo isso foi criado. Daí o pensamento nos remete a ínfima existência da espécie homo Sapiens dentro desse organismo denominado Terra. Isso sem falar no universo!
Um sentimento de gratidão, devoção e, principalmente humildade, aflora em um local como esse. Mesmo conhecendo e acostumado com os processos geológicos, com a formação de continentes e com uma escala de tempo de milhões, bilhões de anos, não deixo de ser um humano, mortal e, consequentemente também vivo, analiso as coisas e penso em uma escala de tempo que estamos acostumados. Certamente estou versando sobre um modelo de criação evolucionista e não criacionista (esta é outra história).
Questões filosóficas e existenciais a parte, voltamos ao mundo real. Há algumas décadas um engenheiro aeroespacial norte-americano chamado Edward Murphy tornou-se famoso com a frase "se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará". Pois é, esqueci de trazer o adaptador de tomada para carregar a bateria da minha câmera profissional (que tem as melhores fotos) na tomada padrão aqui do Chile. Óbviamente que a carga acabou no meio da viagem! Mas consegui tirar ao menos umas fotos do Aconcágua.

 Fica para a próxima postagem essas fotos (preciso achar um camelódromo kk). Como fui precavido, tinha em mãos meu telefone celular multi uso que tira umas fotos boas também.





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